Espera

Silêncio na madrugada,

E os olhos vigiam o mar,

As águas estão mais salgadas,

de tanto a moça chorar,

seus olhos encontram a lua,

mas não queriam encontrar,

As estrelas consolam a moça,

e pedem pra se acalmar.

o marulho que das ondas,

se ouve distante rosnar,

Traz espumas muito brancas,

São lenços pra angústia secar.

Mas não há pedido correto,

Pra dor da moça curar,

Pois o amor que ela perdeu,

Um dia alguém perderá,

E verá que é dor latente,

ver um pedaço da gente,

Morrer nos braços do mar.

E assim a moça chorando,

Passando as noites em claro,

Buscando em fé e em rezas,

Pedindo pra Santo Amaro,

Que traga pra areia fina,

O corpo à que se destina,

Velório, caixão e amparo.

Porque o pescador amado,

Amava o mar e ela também,

Por isso espera ansiosa,

Sentada, chorando, nervosa,

Um barco que nunca vem. . .