Toquinho
Tua silhueta, linda, projetou-se na minha retina, e iluminou meu dia tal como o sol irradia a maré nua, tal qual a lua mergulha no fundo do mar, e lá, cheia, descansa.
Tua silhueta me encanta, assim como um gato preto com seu jeito cheio de altivez e graça, que dança e canta seus miados boêmios no telhado de casa;
Como uma borboleta (quiçá mariposa), que baila, bela e formosa e pousa no jardim da varanda.
Tua silhueta cantou no palco do meu coração qual um passarinho encanta no meu pé de laranja… mimo
Deitou-se no colchão do meu quarto, e lá deleitou-se com um cigarro na mão,
Devorando Mário Quintana;
qual uma garça, com sua pose, que pousa na proa d'uma canoa, que por sua vez balança, embalada nas danças suaves de Oxum.
Tua silhueta - não, não só ela, de jeito nenhum, mas também seu gosto musical, teu jeito incomum, teu toque (que me causa arrepio), teu rosto (que me arrasta pro mar), teu corpo (que de longe me deixa sem ar), teus olhos de harpia (que me arranca o vazio), tua voz (que me acalma), tua pele nua, tua alma, tua beleza e cada nuance que te faz peculiar - dominaram meu paladar, olfato, emoção, ouvidos, enfim, em todos os sentidos, vírgulas, cantos e cômodos, como um vinho que embriaga, como os sons e tons de Toquinho, como uma foz que desagua, como um passarinho livre, como o perfume da madrugada em nuances de nostalgia - teu ser invadiu o meu em forma de poe…sinestesia.
e fez morada…
E, nessa madrugada fria,
Fez sentido no que só fazia afazia
(E onde florescia nada,
plantou uma flor)
E me fez sorrir
E me fez sentir
Regado
E anestesiado
De…
...poesia…
De amor