CANÇÃO DO EXILADO.
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Ela era uma flor, e se revelou para mim em um pálido Outubro, ou melhor dizendo, ela foi descoberta naquela ocasião. Eu era um cavaleiro da solidão e estava destinado ao calabouço sombrio do anonimato.
Ela era uma flor que sorria, não apenas com a graciosa curva de seus lábios, mas, também com o brilho ofuscante de seus olhos. Tal imagem, a contemplação de um ser tão magnífico, me fez perder os sentidos.
A sua voz suave ecoava como melodias em meus ouvidos moribundos, esse triste poeta pode novamente vislumbrar o amor na forma humana.
O perfume que emanava daquela belíssima flor era dos mais inebriantes, tal fragrância arrebatava-me nas mais altas nuvens, me fazia voar como Ícaro.
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Não sei como aconteceu, e nem em que momento a coisa toda começou, talvez seja o brilho intenso daqueles belos olhos nos meus, não sei. Às vezes eu fico sem saber o que falar quando estou perto dela.
Pode ser que eu esteja errado nas minhas conclusões e desejo mesmo estar, porém, analisando mais atentamente, eu poderia afirmar que ela também nutre algum sentimento no coração por mim.
No entanto, os dias foram revelando certa dificuldade da minha parte, algo que jamais ocorreu. Eu nunca deixei de ser dominado pelo meu coração como agora.
Os dias são longos, traiçoeiros, pensei que fosse passar como das outras vezes, tolo que fui, não passou, fez e se intensificar cada vez mais.
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Os dias foram passando, e a cada um deles crescia no jardim do meu peito esse amor, lentamente ele foi despontando como um botão de flor. Jamais imaginei viver um sentimento tão devastador como esse agora.
Logo percebi que não seria tão simples, havia certas impossibilidades para ambas as partes, talvez mais do lado dela do que do meu. No entanto, a presença do amor era um fato impossível de ser ignorado por nós.
Ela percebeu que os meus olhos revelavam mais do que admiração e amizade, havia na minha órbita ocular uma constelação de palavras e confissões.
Os olhos dela leu atentamente o que os meus diziam em silêncio, embora os lábios não pronunciassem uma única sílaba, o olhar falava de seu grande amor.
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Tardes e noites traiçoeiras, quantos que não foram os desafios enfrentados, juntos estávamos na mesma inglória labuta diária, lutando lado a lado em uma guerra infinita onde dificilmente há vencedores.
Do lado oposto da trincheira, incontáveis inimigos com suas armas prontas a nos atacar, enquanto os nossos olhares se cruzavam a todo instante, na tentativa de encontrar um fio de esperança que fosse.
Não demorou para percebermos que entre um olhar e outro havia algo diferente, um brilho intenso junto a sorrisos desavisados e uma alegria sem explicação.
Notamos certo entrosamento, eu era o soldado mais novo do batalhão, você se identificou comigo, quando juntos, todo o mundo ao nosso redor deixava de existir.
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Eu desejei os teus lábios nos meus, imaginando como seria beber da tua boca, sentir o calor dos teus seios e cada batida do seu coração. Tudo isso eu ainda idealizo de olhos abertos, todas as vezes que conversamos.
Quem compreenderá o que se passa nesta inóspita terra que é do nosso coração? Talvez o mais insano dos poetas possa transformar em palavras os mistérios que envolvem a nossa silenciosa e confusa troca de palavras.
O amor é esse carrasco vestido de inocência, trazendo nas mãos arco e flecha, possuído de inveja nós alvejou no exato momento que nossos olhares se cruzam.
Hoje eu sei que te amo, e talvez eu jamais possa te falar sobre o meu amor, minha esperança é de que você também me ame no mesmo e doloroso silêncio.