CORPO DE ÁGUA E AMOR
Não me apaixonei por teu olhar ocre acastanhado
De noite é fogo ardente e de dia cinzas consumidas
Opereta sublime
Cinzela o ar como quem corta o carrara
E não como quem esculpe o busto imortalizado
Tu és toda vertiginosa e esculpida em água
Oceano que acalenta o recife de corais azuis
Em que os icebergs despontam por acaso
Brilhantes e gelados como teu toque ao tremor da pele cálida
És algum ser marinho que canta nesse mar premeditado?
E teu canto hipnotiza e seduz
E traduz o barulho das ondas pelo vento escumadas
Chamas o ser naufragado e mesclado às ondas pelo meu tesouro de tez bronzeada, meu amor
Minha amada,
Eu não te amaria se não fosses criatura de água
Mas teu canto já me chama desde a praia
E a areia foi minha cúmplice extasiada
O teu abraço trás o barulho do mar revolto
Desaguado
Desalmado e indômito
E na areia a água pára
Enquanto tu és o movimento moto-constante e quebras os castelos de areia erguidos pelos cavalos marinhos
E o mar é a vida que te invade
Pleno Oceano que se expande
E a praia, teu abraço de água
E que o teu beijo onipresente traga o calor do dia de verão ardente como és:
Água, fulgor e amor ao mesmo tempo!
04/07/2022
22:10