Erótico XV
Era um eu indefinido, retrato inacabado . Onde começa e termina o que se não vê? Até há pouco era a serenidade. Depois, com estrondo, chegou a emoção e a água que me choveu por dentro, liquefez tudo enquanto dizia sensações que vinham da terra, do mais profundo de mim.
Havia enchentes e lama, cristalinas águas que muito antes haviam chovido e agora se decantavam em reflexos e brilhos, em humidades e trilhos, em fresca boca rejeitada. Não era o que queria.
Não seria tranquila a viagem, nem nunca de branco. Agora com a emoção vinha o fogo que corria, aquecia, molhava e lambia. Que queimava. Arder como resposta, queimar tudo, enegrecer e voltar como Fénix a ser saudade, aquela morna vontade de não estar. O fim da guerra dos sentidos, do começo de um tempo todo novo com rebentos de erva e florzinhas amarelas que ninguém vê.