Substituto fajuto
Todos os poemas que escrevi pra você
foram escritos depois de nós.
Consumido pelo desespero de não ter-te,
dei voz a minha dor
e registrei com ela a minha tristeza.
Todos os poemas que escrevi pra você,
o fiz sem a sua presença.
Talvez pra colorir a vida
que sua ausência roubou a cor.
Todos os poemas que escrevi pra você,
foram substitutos fajutos
da poesia que era você.
Da música que sua presença tocava.
Do cheiro do seu pescoço.
Do toque da sua pele.
Do som da sua voz.
E como todo substituto fajuto, -
como aqueles de vendedor ambulante
que fazem a gente a levar,
mesmo vendo que não vai durar muito -
escrevi poemas pra minha dor
que não durou muito,
talvez mais que do que eu esperava.
E agora tornou-se só um incômodo agudo
no fundo do fundo do meu peito.