Erótico XII
Ainda o sol não se mostrava e já sentia a boca seca, a sede a chegar por ondas, as ideias a ferver como se à volta tudo ardesse ou quisesse, porque sim, pegar fogo. tu no sereno, na mornidão da cama, no sono já leve, no sonho quase a ser realidade com nexo. Depois o teu braço, volta inteira do corpo, o suspiro que não trazia lenha ao lume. – Agora? – Sim, agora. É bom para começar o dia, para acordar de vez, para ter o outro como se fosse parte de si. Vem. Galopa em mim o tempo, a aurora, todos os meus caminhos de água e seda, rios mansos e barrentos, anda-me pelo vermelho da vontade, cresce e derrama-te e a seguir, se fores capaz, dorme o que falta porque hoje deixou de ser dia.