MORREU O AMOR
Tudo está imóvel, calado.
O mundo perdeu a boca.
Corre a mão no tempo morto
Segurando os dois ponteiros
De um invisível relógio.
Não existe mais aurora,
Os astros são muitos cacos
Presos à gengiva do céu,
Num largo sorriso de dor.
Fez-se silêncio sepulcral.
O vento não ousa sussurrar,
Morreu o último trovão
Embalsamado pelas nuvens.
Gente parece sombra
Caminhando em câmera lenta
Nas avenidas do cemitério
Onde jazem os sonhos.
Tudo isso porque morreu...
Porque morreu o amor.
23/11/05.