Erótico XI
Um dia a boca. Deixou que as palavras não fossem ditas e saíssem como gemidos, ondas quentes de um arfar pleno, caracol molhando a erva rala, as dobras da pele, a profundidade. Depois de novo a boca, a prova do mosto, o arrepio, a volta do corpo, as mãos em concha, a adoração parada, o passeio na pele, a força do tempo, a sorte não esperada, o cair da noite, a estrada sem luz mas iluminada por dentro. A morte nua, a lua, o estar diluído em ti como se não fosse, a maré alta, o uivo do lobo, a corrida. Havia o pântano morno, a voz sumida e nós éramos o corpo ali jogado, amolecido, desinteressado.