MARCAS - TRANSCRIÇÕES XVI
De todas as marcas do tempo eu escolho as que me destroçaram a alma. Porque sei que delas já me curei. Mas aquelas que chegaram perto ou as que tiraram um raspão, delas, nunca hei de curar, pois sempre estão me atacando. Vem e vão e não me esquecem. Do mesmo modo que não me deixam senti-las por completo. Também não me deixam curar por completo.
Alguém escreveu algum dia que é preciso sentir como nunca para não sentir nunca mais. De fato, se dói a alma, dói toda a existência. É possível um recomeço apesar de tanta dor. A máxima da vida é que cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração. Que sejamos ímpares na construção ou desconstrução do nosso eu. Haverão lágrimas e dias que expressarão o nosso ser e que falarão ao mundo o que é crer. Que sejamos a luz que cura entre as frestas.