Minha versão inventada
Eu tento me explicar pra mim mesmo; jurando que não sou as bocas que beijo, os corpos que desejo, os copos que pela metade deixo.
Tento em vão encobrir meu desejo, esconder as mãos trêmulas e o olhar atônito quando te vejo, o coração atômico quando sonho que te beijo e a passada inconstante quando ao teu encontro velejo.
Eu tento me explicar pra mim mesmo;
enclausurado como um percevejo, preso as
teias vis de seu predador e sem nenhum manejo, sem nenhum desejo de libertação.
Eu tento me explicar pra mim mesmo; as vezes
não me reconheço, tem vezes que não me mereço, alguns momentos me esqueço. Perdido nos tropeços que dou nos amontoados que sou e me entorpeço do desconhecido que soou.
tento me explicar pra mim mesmo;
mas já não me reconheço.
Eu sou minha versão inventada.
Paschoal, George