Erótico IX
Não sabia se vinha, como vinha. A intranquilidade coloca-nos em sustenido de atenção, a boca pode secar, as mãos escaldam e cirandam pelos objectos, chocam nas arestas, sentem frio, procuram a maciez que não está.
Voltamos ao espelho, ajeitamos os cabelos, Apertamos o botão da camisa. Ainda soa no íntimo a irritação da espera e o relógio, muito lento, diz que ainda é cedo.
Depois o toque breve, o tumulto, o regresso rápido ao espelho, o calor no rosto, a respiração afogueada.
Calma. E o novo toque é mais forte, determinado mas ainda suave na pressa de chegar. A seguir, entram o perfume, o beijo longo, o desmontar da cena. Que importa que ouçam? Que pensem, murmurem. Estás ali e o mundo somos nós, o mundo sou eu em ti, tu em todas as partículas, a emoção que é a trovoada interior, o explodir da sede, a vontade de morrer.