Naquele segundo ( ou Quando a paixão acontece)

O coração da um salto,

o corpo todo congela,

os olhos ficam parados,

a mente desacelera.

A perna treme, bambeia,

a boca seca na hora,

bochecha vira centelha,

a alma nem sabe onde mora.

O sorriso se abre largo,

a vergonha já se instala,

a gente fica até gago,

não sabe onde põe a cara.

A voz até fica rouca,

a timidez toma conta,

qualquer força ainda é pouca,

o brilho logo se nota.

A gente arrepia, para,

ensaia, tenta correr.

O medo nos trava, desvia,

nos manda retroceder.

Mas aí já é tarde, já foi,

o coração já alarde.

E a gente vai, se expõe,

sem texto pronto ou encarte.

A gente se dá, não nega,

nem pensa no que pode vir.

Nem sabe se amanhã ou depois

se vai chorar ou se rir.

A gente só sabe, que sabe,

que é o que é, e isso basta.

Que a gente já está entregue,

não importa pra onde isso leve

ou o que quer que com a gente isso faça.