metranca balada
saia da reta, joga fora a régua, a rua agora é incerta,
andar, não dá de mão dada, melhor dançar no sinal aberto enquanto os carros não vêm,
fala de mim aos que nunca acreditaram nada de bom, que eu vim,
diz em casa que eu joguei pela janela o anel de doutor,
e o diploma usei acendendo o fogo na panela,
que nenhum vulto na janela trouxe aquela que eu quis p'ra mim
gente na rua e nenhum alento, cadê misericórdia, cadê o santo,
falaram tanto do amor ao próximo o próximo amor é na conveniência,
no contrato juntando os pés das escrituras,
que se dane gente com fome quem perde tempo com agrura,
o que interessa é enricar a despeito da gula,
quem for demais tem vírus p'ra corrigir
moça amada demais como te pedir em namoro
neste ocidente tão acidentado onde o pobre cristão é só o pobre
porque quem vive do pão é quem vende a saudade do crucificado
aos que carregam a cruz no lombo esquartejado de dor
sem luz sem túnel sem saída a escuridão é o que restou do amor dos pobres
eu só posso te entregar amor longe do corre
porque até p'ra te olhar nos olhos abro mão do porre
porque na rua escura da américa do sul sem outro destino
que carregar o azul dos gringos p'ra louvor dos sinos
anunciando que só é fiel quem vende a alma
na minha palma gravei teu rosto porque o coração dei a você,
enquanto a lei quer o sangue já que a certeza não pode ter
a paixão de um homem por uma moça toda linda
nunca finda ainda que seja a metranca balada que dá o tom ao gueto
quanto maior a dívida do explorado mais ardente o espírito do Che