Erótico VIII
Férias. Nascia e morria o sol e o corpo pesado recuperava horas de descanso. Descansar era a vertente mais doce das férias passadas em casa ou aqui, ermo junto ao mar, céu azul e azul na água quase quente. À tarde, seguindo o apelo de uma aragem mais fresca, acolheu-se numa duna e adormecia quando, pousados em si os seus olhos viam tudo o que escondia. A nudez inteira, o suor a descer pela fronte, a sensação de falso isolamento.
Não se mexeu. Sentiu, suaves, os dedos pairarem a dois centímetros da pele, a mão trémula, as palavras presas pela emoção e temor. Depois, erguido o gesto, ajeitada a toalha, retirou-se, pé ante pé a evitar prováveis guerras, procurando no areal outros paraísos mais atentos. E a mão firme segurou a toalha. Confundiram-se os olhos e o som de todas as trombetas abalou o dia.