Mise-en-scène

Dar-lhe-ia a mão uma última vez

Mas o amor…

O amor não dá pé

Ainda que eu saiba

Que sob todo esse verniz

Esconde-se uma mulher que ri, que chora, que sente

Não a encontrei nesta venusta versão

E eu vou te deixar ali

Como aqueles papéis de garantia que a gente só aloca num canto qualquer

Junto aos outros papéis que à mesa estão

Sem utilidade alguma a não ser testar a tinta de canetas velhas

Ou rascunhar alguma informação importante enquanto no telefone

E que, depois de um tempo, a gente pega

Desdobra, abre, relembra

Vê que já não tem mais valor

E joga fora