Ninfa das Águas

Lá em março, naquele dia lá

em que não dava mais para enrolar

mal pudera eu acreditar.

Já era descrente.

Não negava o amor

mas curtia demasiadamente o sabor

em ser só.

Só que virou nó.

Intensamente aos poucos aparecias

e eu radiante lhe dizia:

não se afobe não que nada é pra já

o amor não tem pressa, ele pode esperar.

Sequer me ouvia.

me penetrou quando tentavas me esconder

impressionante!

Tocou onde não mais emergia.

Vulnerável incerteza de ser.

Captou-me por fazer lembrar

do diálogo descrito em O Banquete

sobre corpos arrancados da metade.

Não que sejas a minha metade

nem eu sou a tua

mas sinto-te a minha parte

a preferida.

Tens lembrança para mim

de futuro

penso em você como alguém que amo

a mulher que sonho ser

livre, sem horas

sem relógio que insista em bater às dez

na paz de um não dizer

e a leveza sem pudor ao desejar.

Ah, que gostoso é, minha ninfa

te olhar, acariciar,

(ama)ssa(r)

gozar o demorado...

Enfim, bom mesmo esse tal te namorar.

alesnav
Enviado por alesnav em 13/06/2022
Código do texto: T7536917
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