De Corpo sem Alma ou de Alma Sem Corpo
Teus olhos me puxam como um imã,
E minha alma carente sempre vai,
Atravessa imenso abismo, feliz,
Sugada por teu poderoso ser,
E deixa meu corpo só, sozinho.
Entra no teu quarto perfumado e acolhedor,
E perante teu corpo nu se rende ao amor,
Ao perigoso amor dos adúlteros,
Aquecido pela chama do indisfarçável desejo.
Não sei por que me beijas assim,
Não sei por que me amas assim,
Acho que adivinhas as minhas fantasias,
Mas porque não atrai também o meu corpo?
E só me entregas o teu, afastado de tua alma?
Minha alma goza, no teu corpo sem alma,
Como se nele estivesse tua alma ausente,
Meu corpo cansado adormece,
Minha alma aflita ainda sonha,
Ancorada sobre teu corpo nu.