PAI

 

Se eu pudesse lhe abraçar de novo,

me demoraria mais no abraço

Faria tudo

para reforçar nosso laço

Não teria pressa

em matar minha saudade confessa

Olharia em seus olhos

para ouvir seu coração,

para ouvir suas histórias

Faríamos as pazes

com as nossas memórias

e com nosso destino

Sorriria para você

como um menino

que um dia fui

 

Pai

Se eu pudesse lhe abraçar de novo,

não teria receio de ser eu mesmo,

em fazer o que penso

em dizer o que sinto.

Vê-lo como um grande amigo.

Quereria a alegria

de viajar ao seu lado

para ver o mar,

conversar sobre a vida,

pescar,

curar nossas feridas...

 

Pai

Se eu pudesse lhe abraçar de novo

saberia que minhas preces foram ouvidas.

Na certeza

que na eternidade  de nossos dias,

no infinito desse universo,

entre idas e vindas

estaremos novamente juntos

Como neste verso

que o amor conduz,

viajando em direção a Divina Luz.

 

Claudio de Lima

 

Foto do álbum de familia

Meu pai José, segurando minha mão, meu irmão Roberto e minha mãe Vitalina

Data: provável ano 1958

Local: quintal de nossa casa, bairro do Chora Menino, zona norte de São Paulo

 

 

“Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos

  manchados de terra

  Dá-me o teu antigo paletó sujo de

  ventos e de chuva

  Dá-me o imemorial chapéu com que

  cobrias a tua paciência

  E os misteriosos papéis em que teus

  versos inscreveste.

 

  Meu pai, dá-me a tua pequena chave

  das grandes portas

  Dá-me a tua lamparina de rolha,

  estranha bailarina das insônias

  Meu pai, dá-me os teus velhos sapatos.”

 

  Poema sem título

  Autor: Vinicius de Moares  (1.913 /  1.980)

  Poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata,

  cantor e compositor brasileiro

  Notabilizou-se pelos seus sonetos

 

Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 09/06/2022
Reeditado em 09/06/2022
Código do texto: T7533914
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