“Queria ter teu útero fecundado...”


Quem não se apaixonaria
se ouvisse isso de alguém?
Viajaria pelo tempo
quando a fertilidade ainda existia
pensando em como seria
ser amada dessa maneira
Um amor tão duradouro
eternizado no nascedouro
Amor de entranhas
de prazer eternamente
visceral e complacente
Tão intenso que seria preciso
ir muito mais além da carne
para que ele não acabasse
um filho precisava gerar
Com o passar do tempo
ao olhar para aquela face
O amor fosse vivendo
de geração em geração
como a mais bela canção
nos traços daquela família
Alguns se amaram tanto
que entre risos e prantos
fizeram alguém além deles dois
Outros somente desejaram
nem sequer se tocaram
deixaram o ato para depois
ficou somente a lembrança
em papéis e poesia
úteros que não foram visitados
muito menos fecundados
por aquele que devia
Pais e mães só no desejo
que sequer deram beijos
Hoje eu sei com certeza
os amores inesquecíveis
se darão em outra vida
Aqui são impossíveis.