Minha musa, tua música: contra a tirania do Tempo
Canta. Como (en)canta, minha musa!
Ouve a canção do meu dedilhar por esse corpo violão ? Cada nota da tua simetria perfeita deve ecoar no paraíso, acalmando e invadindo o espírito dos que foram salvos.
A vibração da tua pele; o repique do coração; a batucada da respiração ofegante; e o ritmo que teus lábios ditam.
Permita que eu conduza tua orquesta. Assim crio nossa sinfonia.
Então, a gente dança a noite inteira, rodopiamos felizes os passos que você quiser me guiar.
Como quiser se mostrar e como é. Solta e leve. Mais do que existindo. Sendo.
E eu me visto de ti numa fusão perfeita.
Delirando de prazer; mordendo de raiva; chorando de tristeza; rindo e rolando como crianças inconsequentes; resistindo (em vão) e se entregando; incêndio e cinzas, repetidas e infinitas vezes; sonolentos de cansaço pelo tato perfeito um do outro.
Minha vida inteira em troca de mais 10 minutos dessa e nessa intensidade. Todas essas emoções uma após a outra. Tudo que tenho por 10 minutos a mais. Entregaria contente.
Mas o tempo, esse tirano onipotente!
O tempo conspira contra nós. Se distorce, recolhe e encolhe. Passa como se não existisse.
Com a gente, 4 horas são 10 milisegundos. Seria preciso a eternidade para alcançar 10 minutos.
Queria que o eterno nos fosse dado.
Mas o Tempo, esse tirano, conspira contra nós...