Sobejo
Por tanto amar-te querida,
Debrucei-me na janela da vida,
Vezes acompanhado, vezes sozinho,
E de uma forma ou de outra,
Acompanhei teu caminho,
Primaveril e resplandecente,
Entre os olhos cobiçosos,
Dos lobos e gaviões.
Apedrejei meus impossíveis sonhos,
Até que sufocados sucumbissem,
No labirinto íngreme e tortuoso,
Que levariam ao teu cobiçado ser.
Brindei, calado, em meu íntimo,
Cada champanhe que bebi,
Cada corpo que despi,
Como se brindasse ao teu amor,
E às rosas que não te pude dar.
Enfim, eis que chega o outono,
Da vida, das buscas, dos sonhos,
E então fecho a minha janela,
De tanto ardente desejo,
Te enxergo como um sobejo,
Tu que sempre sobejaste.