Sobejo
 
 Por tanto amar-te querida,

Debrucei-me na janela da vida,

Vezes acompanhado, vezes sozinho,

E de uma forma ou de outra,

Acompanhei teu caminho,

Primaveril e resplandecente,

Entre os olhos cobiçosos,

Dos lobos e gaviões.

 

Apedrejei meus impossíveis sonhos,

Até que sufocados sucumbissem,

No labirinto íngreme e tortuoso,

Que levariam ao teu cobiçado ser.

 

Brindei, calado, em meu íntimo,

Cada champanhe que bebi,

Cada corpo que despi,

Como se brindasse ao teu amor,

E às rosas que não te pude dar.

 

 

Enfim, eis que chega o outono,

Da vida, das buscas, dos sonhos,

E então fecho a minha janela,

De tanto ardente desejo,

Te enxergo como um sobejo,

Tu que sempre sobejaste.

Luís Bacelar Vidal
Enviado por Luís Bacelar Vidal em 04/06/2022
Código do texto: T7530464
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