NÃO FOSSE TUDO ISSO - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

NÃO FOSSE TUDO ISSO... - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros

Não fosse esse olhar-te,

querendo-te ao primeiro vislumbre,

certamente eu dobraria a primeira esquina

como quem vira uma página,

ansioso pelo próximo capítulo

de um livro repleto de dramáticos epílogos...

Não fosse esse mirar-te nebulosamente hipnótico,

eu sorriria para os meus mais narcísicos, humanos e nítidos espelhos,

debochando dos caprichos de mim mesmo...

... ah... não fosse esse mágico envolver - me...

Não fosse esse sorrir-me sorrindo-te

... e esse sorrir-te sorrindo-me

- danem-se os pleonasmos sem vícios -

viciar-me-ia na curva das minhas próprias estradas

e seguiria meu próprio destino de não desamar-te amando-me

... ou desarmar-me

armando-te a ti mesma:

dupla conjunção de verbos transversos

como nossas linhas quiro-românticas, tão minhas

... e tuas,

nuas epidermes cremosas...

pontos alegóricos de trôpegos anseios explosivos...

Ah, meu amor,

não fosse esse implacável

e impiedoso lembrar-te

que em doces gotículas de oníricos desejo,

irriga, sem a mínima solenidade,

cada milímetro passional

da tua mais lírica e sensual presença

a cada irrevogável saudade dos nossos melhores e mais indeléveis instantes...

Não fosse tudo isso,

eu não te diria ( e nem viveria)

a frase mais previsível, mais tola,

mais imortal e mais inequivocamente feliz

do lírico momento em que te prendo, absoluta, nos meus braços...

Não fosse tudo isso,

eu, simplesmente,

jamais te sussurraria:

Eu te amo!

Cocacabana, às 13h do dia 14 de março de 2020 do Rio de Janeiro. para minha eterna namorada e mulher da minha vida, Denise Domingues.

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