Eternidade de nós dois
Ingênuo
Eras tu,
Tempo
Que persistente
Teimava
Em passar.
Nem suspeitavas
Que em minhas páginas,
Por entre palavras
O prenderia,
E não o deixaria,
Escapar.
Argumentava:
Me apaixonara.
Já não me bastava,
As sextas feiras
as meias noites
E os dias em casa,
Queria-o, ali
em minha frente
aquele segundo,
eternamente.
De repente,
O relógio já não mais pulsava
Se encantava
o vento, se acalmava
até os pássaros descansavam
No amor,
Ali da sala.
As panelas repousavam
O café, esfriava
toda a casa,
silenciava-se
aquietava-se
Só se ouvia, de longe
O instante
diletante
No pulsar,
Vibrante
Dos bastidores,
por entre os corredores
daquilo que só os dois sabiam
Comunicar.
até que o tempo os escutara
se sensibilizara
e desacelerava,
Até finalmente, parar.
Naquele segundo,
A sós,
No mundo
Se entreolhavam,
Os namorados
Na língua que só os dois
Sabiam falar.
E a eternidade
Se aproximava
Até fazer morada,
naquele olhar.