Eternidade de nós dois

Ingênuo

Eras tu,

Tempo

Que persistente

Teimava

Em passar.

Nem suspeitavas

Que em minhas páginas,

Por entre palavras

O prenderia,

E não o deixaria,

Escapar.

Argumentava:

Me apaixonara.

Já não me bastava,

As sextas feiras

as meias noites

E os dias em casa,

Queria-o, ali

em minha frente

aquele segundo,

eternamente.

De repente,

O relógio já não mais pulsava

Se encantava

o vento, se acalmava

até os pássaros descansavam

No amor,

Ali da sala.

As panelas repousavam

O café, esfriava

toda a casa,

silenciava-se

aquietava-se

Só se ouvia, de longe

O instante

diletante

No pulsar,

Vibrante

Dos bastidores,

por entre os corredores

daquilo que só os dois sabiam

Comunicar.

até que o tempo os escutara

se sensibilizara

e desacelerava,

Até finalmente, parar.

Naquele segundo,

A sós,

No mundo

Se entreolhavam,

Os namorados

Na língua que só os dois

Sabiam falar.

E a eternidade

Se aproximava

Até fazer morada,

naquele olhar.

Fernanda Marinho Antunes
Enviado por Fernanda Marinho Antunes em 21/05/2022
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7520992
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