Eu conheço a mais bela flor
(I)
Eu conheço a mais bela flor,
A mais perfumada e cortês,
Que Cornélia bem contrafez
Essa flor em feito e valor
Como Fiscão teve o prazer
De louvar vosso parecer,
Semelhante dever me atrai.
(II)
Sou como a abelha que se atrai
Bem levada pelos frescores,
Voando pelas muitas cores
Pousando lá onde mais cai,
Perdendo mesura e saber,
Amando o melhor parecer
Mesmo suportando uma dor.
(III)
E eu não sinto nenhum pavor
De errar umas duas ou três
Testando o polén uma vez,
Recusando qualquer honor,
Se tenho que uma vez perder
Para outra conseguir vencer,
Sem compor como Mirabai.
(IV)
E eu direi como a flor se vai:
Vai como a mais gaia das flores
Num amor que segue onde fores,
Mas mesmo após tudo ela trai,
Se esconde e não deixa mais ver,
E estou esperando uma mercê
Que me valesse pelo amor.
(V)
Devo eu ser pago por louvor
Se bem me aceitasse de vez,
Sei que existe um tecido tez,
De vício ou do mais vero ardor,
Partindo o bom e o mau prazer,
Mas que erro poderia haver
Naquilo que do amor bem sai?
(Tornada)
De Italva escrevo sobre a flor
De Campos, moça de esbeltez,
Lua, a vós meu poema perfez.