TEMPOS DE BURITI

As risadas e as algazarras

dos nossos encontros

não feriam o silencio,

eram um selo que nos ungia

no abandono vital daquele lugar.

As nossas mãos se tocavam

ao acaso de alguns gestos

e a sua leve companhia

entranhava na minha solidão.

Ora calma, ora veloz,

era possível sentir

a sutileza dos seus desejos

no ritmo da sua respiração.

No abandono daquela aridez,

sem folhas, sem água, sem pássaros

- Quase sem vida -

Revitalizo-me ao ouvir

as batidas do seu coração.

Minhas mãos alcançam o seu ombro,

meus seios, levemente

comprimem-se contra o seu peito.

Nossos corpos suados, cansados,

plenos em alúvios de quereres,

eram acolhidos pelo leito vazio do riacho

As nossas mãos, suave e mutuamente,

limpavam as nossas faces da areia seca

que vez por outra o vento soprava.

Então, a minha boca tocou a sua...

(No capitulo 13 é narrado o encontro de Bibiana com o seu primo Severo. Trago nesse poema a leitura poética desse encontro... Mas, suplico! Urgentemente, leiam Torto Arado do escritor baiano Itamar Vieira Junior e vocês vão se surpreender)