O Tempo
Não tenho presente,
Não vivo nem vegeto.
Apenas atropelo a realidade,
Atravessando a vida
Para um enigmático futuro.
Do futuro,
Não sei o que será.
Do presente,
O tempo se encarregará.
No agora,
Sou um corpo contra o vento,
Um grito que rasga o silêncio,
Minha carne vestida de força,
Minha alma despida de calma.
Dentre pedras e abismos,
Meus gritos, cânticos são.
Neste mundo com tão pouco alento,
Meus sussurros nem sempre ouvidos,
Gemidos que nem são percebidos,
Me defendo, me protejo
E é no verde de meus olhos
que camuflo a dor que já foi sentida.
Sou fruto maduro
Que lança sementes ao vento
Como estrelas em céu aberto.
Sou um ser apaixonado
Em prol deste céu estrelado.