A Promessa
Olhou para mim
E eu disse-lhe
“Que esse teu olhar
são as tuas formas de arte
Que juro
usarei para fazer um poema
E assim conquistar-te
Mas ela nunca mais parou de olhar
Mesmo longe
Parecia algo de mim esperar
Talvez o tal poema
Que com a sua partida
No tempo decidi congelar
Passou uma meia vida
E eu dela nada sabia
Apenas o seu olhar
Ainda sentia
O olhar
Que fora uma promessa de eternidade
Naquela idade
Em que todos acreditamos
Que o tempo nos vai trazer
Tudo aquilo que desejamos
Mil anos se passaram
E a fé acabou
E nesse preciso momento
O poema começou
Um poema
Que afinal nunca irei acabar
Apenas no instante
Que sinta de novo o seu olhar
O segundo antes de ela abrir a porta
Para o poema lhe entregar
Não para reivindicar a conquista
E curar a ferida
Da sua ausência
Mas para lhe dizer
Que existem certas promessas
Que não esperam a eternidade para serem cumpridas…