O lado efêmero do amor
A efemeridade do amor assusta, nos deixa inseguros, e revela um lado obscuro, que vive dentro do peito e que nos engole como areia movediça. É um sentimento medonho que, em qualquer momento, pode nos surpreender. Passamos a vida sem conhecer os nossos inimigos ocultos, os quais, por vezes, estão tão pertos e a gente nem desconfia. São poderosos em nos envolver e, quando nos ganham, nos apunhalam sem remorso. São frios, calculistas e nos atacam quando estamos sensíveis, vulneráveis.
A vida é uma mistura do real com o imaginário. Tudo depende e, invariavelmente, do que se propõe, afinal somos meros jogadores, trianguladores, mercadores de sentimentos. Nunca se sabe o momento no qual o amor vai lhe cobrar. Às vezes, a realidade chega a ser cruel, mas, como tudo na vida, não passa de um aprendizado. Temos que enxergar todas as coisas no seu melhor sentindo, preferentemente, o bom. Nunca espere nada do amor, pois ele é regido por humanos, que são falhos e imperfeitos e podem nos frustrar mais do que imaginamos ou esperamos.
Mas como tudo, um novo sol pode nascer numa manhã chuvosa e quando a esperança parece naufragar nas águas abundantes e generosas da chuva, raia um novo dia. Tudo na vida se transforma, até as folhas secas das árvores alegram magistralmente o triste outono. É um encanto que nos move pela energia que vem de um amor cósmico e universal, infinito.
O amor não é diferente. Em algum lugar, em algum momento, deve existir verdadeiro, aquele que atinge o ápice, que se sente na pele e na alma, que faz pegar fogo, que clareia e incendeia, que nos alimenta e nos fortalece. Esse amor existe e é por ele que vivo, nessa busca incansável, às vezes delirante, inconsequente, entorpecedor, loucura contagiante, êxtase.
Da aquela sensação que meu coração grita e ninguém ouve e que estou só numa dimensão sem limites de dor e sofrimento, lembranças e saudades sem fim. Solidão que perfura a alma como golpe de uma faca. Machuca a alma e por isso não sangra, chora, mas, não molha a minha face, maltratada pelo tempo e pelas vertigens.
Se soubesse que amar tanto assim, seria doloroso, não amaria ou, apenas, o suficiente para suportar as dores e as decepções que o amor nos submete. É como se me sentisse um nada, num oceano de lágrimas que jorram ilusões. É como se me sentisse um grão de areia no deserto, sem vida. Enquanto houver uma lagrima, haverá uma esperança; enquanto houver a esperança, haverá o desejo real da busca e da realização.
Em minha imperfeição não consigo imaginar o quanto o amor me faria tão bem se não me machucasse tanto. Seriamos parceiros, cúmplices, amigos, fiéis, completos, talvez um sonho que não se acabe, um sentimento de outras dimensões, seríamos inatingíveis, uma só unidade.
Como poeta, brigo com o amor em todos os dias e horas. Temos muitas indiferenças e sentimentos misturados que acabam trazendo dor e alegria ao mesmo tempo. Questiono o amor, mas, quase sempre, ele não responde as minhas interrogações. Não sei se isso é normal ou ainda sou incapaz de entender a mensagem que ele quer me trazer. São nuances que me deixam confuso e, ao mesmo, tempo me sinto no dever de lutar.
Como poeta, acredito no amor eterno, no mais puro e verdadeiro. Não posso acreditar que esse amor no qual acredito possa me trair e me fazer chorar de tristeza, de me isolar do mundo como se nada fosse. Meu amor, o amor que sinto e desejo, é total, entrega, unidade, é pureza, é fogo e paixão, é para toda a vida e nunca se acaba, mas sempre se renova.
“Ah amor! Se eu pudesse voltar ao tempo e parar no instante em que nossas almas se tocaram com um olhar, apenas um olhar, o suficiente para nos amar loucamente. Éramos tão inocentes e tão verdadeiros. O tempo se encarregou de nos distanciar, mas nossas almas ficaram interligadas por todo o tempo. Nada poderá ou terá o poder de ofuscar o brilho desses olhares, que iluminaram a minha estrada e deixei a cada passo, uma lágrima de dor e saudade, para que você quando passasse, pudesse me reconhecer e sentisse o pulsar de meu coração, que por ti bateu em todos os dias”. Edimilson Eufrasio
Ah amor, se pudesse sentir a minha dor e o meu sacrifício de expor meus sentimentos ao escrever essas poucas linhas, aliviaria o meu sofrer com um simples sorriso. Passe o tempo que passar, não importa, se finjo ou se me arrisco em viver sem ti, meu amor estará sempre guardado para quando lhe ver e puder amar. Até lá, vou curtindo nossas lembranças que de tão poucas, passageiras, um relâmpago, alivia minhas carências afetivas.
Vá e não volte jamais
Vai
Leva consigo toda essa minha dor
Leva todo esse meu amor
Leva esse meu coração que grita seus "ais"
Vai
Por favor, não olhe para trás
Siga em frente… não tenha dó de mim
Mas vai sem pensar, me deixe em paz
Vai de uma vez
Me deixe curtir a minha viuvez
A minha solidão que chora em silêncio
E a minha dor que não cessa um só momento
Vai
Me deixe mergulhar nessas lembranças
Que um dia me fizeram tão feliz
E que, hoje, aliviam meu sofrer, trazem esperanças
Mas vai, não volte nunca mais
Leva consigo tudo o que deixou em mim
Leve minha dignidade, meus desejos e fantasias
Leve tudo, meus sonhos e ilusões, toda felicidade, mas vai e,
se possível, me mata de uma vez!