TEU CORPO, TUA ALMA
Teu corpo não é um pecado,
Mas a alma que acha que eu,
Sou para ela um frasco vazio,
Por ter quebrado num certo dia,
Enquanto você nem ainda dormia.
Como um qualquer que arrasta-se,
Até sua face em meio a louvação,
Que antigos deuses faziam,
Tendo a "lira dos vinte anos",
Como a tua memória rabiscada.
Que passa ao estares ali,
Adormecida ao invés de andares,
Pelas vilas em teu nobre pranto,
Se nem ao menos conhecia-te,
Nas madrugadas dos meus campos?
A partir desta volta,
A qual vejo-te indo-se,
Sem teres olhado para trás,
No que considero um caso esquecido.
O teu vinho na taça,
Do jeito que estava, ficou.
Nem a mancha do teu batom,
Que fosse de uma vida inteira,
No fim, não percebi que secou.
Sob uma bancada,
A única lembrança existente:
Aquela caneta que não funciona e,
Três versos de um poema sem valor.
Tudo porque, agora para mim, parece-me tão diferente,
Desde a última vez que nossas mãos,
Com tamanha sinergia se tocaram,
Na brevidade do que não se ponderou.