TEU CORPO, TUA ALMA

Teu corpo não é um pecado,

Mas a alma que acha que eu,

Sou para ela um frasco vazio,

Por ter quebrado num certo dia,

Enquanto você nem ainda dormia.

Como um qualquer que arrasta-se,

Até sua face em meio a louvação,

Que antigos deuses faziam,

Tendo a "lira dos vinte anos",

Como a tua memória rabiscada.

Que passa ao estares ali,

Adormecida ao invés de andares,

Pelas vilas em teu nobre pranto,

Se nem ao menos conhecia-te,

Nas madrugadas dos meus campos?

A partir desta volta,

A qual vejo-te indo-se,

Sem teres olhado para trás,

No que considero um caso esquecido.

O teu vinho na taça,

Do jeito que estava, ficou.

Nem a mancha do teu batom,

Que fosse de uma vida inteira,

No fim, não percebi que secou.

Sob uma bancada,

A única lembrança existente:

Aquela caneta que não funciona e,

Três versos de um poema sem valor.

Tudo porque, agora para mim, parece-me tão diferente,

Desde a última vez que nossas mãos,

Com tamanha sinergia se tocaram,

Na brevidade do que não se ponderou.

Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 03/05/2022
Código do texto: T7508693
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.