A vinda da temporada antiga
A vinda da temporada antiga,
Aquela de outono, traz consigo
O descanso das aves e cia,
Assim como elas, penso comigo
De escrever uma carta vazia
Sobre uma que pensei ser amiga
E a freima que o coração abriga.
Eu juro temer tanto a intriga
Que o mau bajulador faz comigo,
Tem mil meios e eu pouca notícia.
Longe! Não tenho nada contigo,
Pois minha paixão é vitalícia
E não há coisa alguma que diga
Que impeça que por ela eu persiga.
Repulso esse que promove briga,
Não quero ligação e maldigo!
Ai! Como eu desprezo hipocrisia
Se ela vem de amigo ou de inimigo.
Da gente chata e sem alegria,
Lua, dela não se faça amiga,
Nem vá cair na teia que instiga.
Minha Lua, rezo que não siga
Dito vil desse povo inimigo
Que ama falar de mim por malícia,
Ainda que não mais seja amigo,
Tenho riso por cada notícia,
Mas a minha vontade fatiga
Ao deixar-te por algo que obriga.
A distância criou tal liga,
Que uma crueldade fez comigo,
Que fortaleceu na pandemia
E no amor não há pior castigo,
Porém por mim isso não faria
Desistir dessa dor que castiga,
Mas onde há vontade, mente obriga!
Tenho culpa da melancolia?
Deus me valha caso não consiga
Ter de novo como minha amiga.
Nove sílabas, estilo unissonans.