ENLACE DE LETRA E COR
A Cassia Caryne, escritora e poetisa
e a Lia Maria, psicóloga e artista plástica.
Estou vivendo
em um enlace de letra e cor.
Ás vezes sou apenas a pipa
nas mãos das crianças do Rio Caraíva.
Outras vezes,
deixo que a janela da alma,
vá mostrar-me uma paisagem nevada,
pois o frio faz-me balançar,
como a espanhola balança
o seu lindo corpo, na dança das cores.
Vejo os seios de Cecília,
banhando na Cachoeira dos Cristais
em um pôr do sol misto de sombras e luz.
A janela mostra-me também
a noite de estrelas, quando o gato Dylan,
vem declamar, com seu ronronado
o soneto da solidão a qual vivo.
Desde que vivi um amor colorido
à beira mar, nunca mais fui o mesmo.
Não tive mais nenhum descanso.
O tempo parece ser mais veloz
ao ponto de não poder fazer minha
oferenda ao caminhante,
para que ele a entregue a Iemanjá.
É como se eu
vivesse uma vida submersa
e nas asas da imaginação,
passo a contemplar o contraste que há
entre as mulheres de Santo Antônio do Monte,
que vivem por entre as montanhas de Minas,
e as águas do mar.
Quisera eu voltar a ser criança,
contando as estrelas do céu de BH.
A cascata dos meus sonhos
vai aos poucos se derretendo,
friamente em minhas tristes faces,
pois mar e amar, não se combinam.
O mar é imensamente bravio,
tenebroso e muito violento.
Enquanto o amor é pacífico, sereno,
intensamente calmo e bastante compreensivo.
Não consigo entender, por quais motivos
entreguei-me à moça e ao mar
que me trouxe até aqui,
como um lenço branco perdido
nas águas profundas desse imenso mar.
Este texto foi criado, usando os títulos dos poemas de Cassia Caryne
e os títulos das aquarelas de Lia Maria, do livro “Enlace de Letra e Cor” da autoria de ambas.
Araújos (MG), 25 de abril de 2022.