Silêncio que fala
do poema:
" silêncio que fala "
A beira cama, numa quietude serena onde nenhuma voz quarto a fora se fazia ouvir, começava a escrever o próximo capítulo que ninguém leria, fosse talvez uma frase, uma ode, ou qualquer outra coisa, ninguém leria, nem quem o escrevia.
O tempo havia passado mais depressa do que esperado e nem mesmo ele esperou, com os dias mais frios e sentimentos amenos, ele perpetuava suas palavras por ai, sem qualquer intenção de que o mundo mudasse por elas, mas se pudesse socorrer uma única alma tudo faria sentido. Então qualquer banco de praça tinha seus dizeres esculpidos, qualquer ônibus tinha uma frase e ele seguia desnorte pela vida, perpetuado em palavras seus inconstantes sentimentos.
Não se interessava mais por intenções, nem por promessas, assim ele seguia vivendo intensamente os dias. Um após o outro. Sem medo do que estava por vir, sem planejar nada nas 24hs que seguiriam.
Havia vivido tanto tempo com essa angústia que preenchia o miocárdio. Havia se abandonado tantas e tantas e tantas vezes que quando começou a andar lado a lado consigo mesmo se [re]descobriu alguém tão interessante que não soube mais viver sem ele.
Não haviam amores, não havia frio na barriga, não havia tristeza, medos ou expectativas.
Existia silêncio.
Que no seu interior gritava.
Exista ele,
e esse era o início do fim de sua antiga vida.
Pascoal, George.