RECAINDO

Mais uma vez movido de irredução, renhido de inócua determinância

Sigo nessa infância que irrompe a galopes rumo à liberdade do desterro

Mirando acerto nesse erro, cego ante o sequido para avistar pujança

Que definha em nome da esperança, que mente para o sonho em seu pesadelo!

E a tudo quanto me remete tal esconderijo, quer me iludir e me horripilar

Mandando achá-la onde não está, para de paz chamar tamanha irrupção

Assim a graçolar do lacerado coração que se asfixia no turbilhão do próprio ar

Estrangulado pelo respirar, atado ao oceano incendiado na paixão!

A ela dou meu irrestrito beneplácito, enquanto dela só me vem seu renuir

A fim de que não possa ir o que de mim na mais completa obsessão lhe almeja

Para que vendo-me não veja, nem sua alma me perceba ou queira me intuir

E a felicidade talvez decida-se fingir, e a solidão não me ataque nem proteja!

Assim percorro a lúgubre vereda que tenta te esquecer a sangue e dor

E morro congelado no calor, vivendo sob engodo da verdade que mentia

Porque a cada nova ventania me vejo arrastado pelo amor

O mesmo que meu coração matou, mas que a cada alvorecer ele recria!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 15/04/2022
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T7495564
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