EM MEU PEITO HÁ UM LEÃO QUE URGE

em meu peito há um leão que urge

mas eu lhe digo: — fique quieto leão!

e no segundo seguinte que surge

não me seguro diante do não

e o cutuco no coração para que ruge

e lhe digo novamente — fique quieto leão!

e o leão, agora bravo,

não me escuta diante do maltrato

e lhe digo gentilmente: — fique calmo leão!

só que sempre em frente ao perigo eminente

sei muito bem aquilo que fatigo por contente...

próximo ao poente, camuflado entre a giesta

o rei da floresta, carente de afago e amigo

organiza a seresta do estrago comigo...

em recuo arrependido eu me digo:

— não se cutuca o leão!

você nunca aprende esta lição