sobre amores, sob amores

eu me lembro ainda da primeira sensação

de achar que amar era aquilo, coração ofegante e brigas tolas

que era a insistência, que era esperar na chuva

que era magoar um no meio de uma multidão

que era devolver a carta amassada repleta de dor, porque pra você não fazia mais sentido entregar

que era te deixar esperando, te prender

até entender o quanto precisava te deixar ir

eu me lembro de achar

que amar era aquilo, que era a sensação de poder fazer alguém me amar

de transformar alguém, de realizar desejos que não são compartilhados comigo

de sentir que tudo bem esperar sem ar em casa enquanto o outro vive tranquilo

eu achava que amar era isso, era me doar por completa e não receber nada

até entender que eu precisava muito ir e nunca mais voltar

eu me recordo de pensar, que o amor era aquela euforia

que pode ser amor sem selar compromissos

de achar que é a escolhida mas vê o beijo que corta na sua frente

achava que era sobre deixar voltar até ele decidir que aquilo era amor

que até pouco tempo esperava para rir dessas nossas atitudes

mas que na verdade já não tem graça nenhuma

até entender que amar sozinha quem nem se reconhece não é amor

eu me lembro de sentir, como uma menina a corar

mas não saber corresponder esse amor

cruzar a linha tantas vezes e acender o fogo por simplesmente saber que vira incêndio

de ter momentos perfeitos, quase de filme

mas ao mesmo tempo não sentir que aquilo era certo

até entender que alguns amores são faíscas que devemos aprender a parar de acender

eu me lembro de achar que era especial

e mesmo assim me entregar a amores tão fajutos

até entender, que sou mesmo especial

e precisava me amar sobretudo.

Thaiss Fernandes
Enviado por Thaiss Fernandes em 12/04/2022
Reeditado em 19/04/2022
Código do texto: T7493815
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