sobre amores, sob amores
eu me lembro ainda da primeira sensação
de achar que amar era aquilo, coração ofegante e brigas tolas
que era a insistência, que era esperar na chuva
que era magoar um no meio de uma multidão
que era devolver a carta amassada repleta de dor, porque pra você não fazia mais sentido entregar
que era te deixar esperando, te prender
até entender o quanto precisava te deixar ir
eu me lembro de achar
que amar era aquilo, que era a sensação de poder fazer alguém me amar
de transformar alguém, de realizar desejos que não são compartilhados comigo
de sentir que tudo bem esperar sem ar em casa enquanto o outro vive tranquilo
eu achava que amar era isso, era me doar por completa e não receber nada
até entender que eu precisava muito ir e nunca mais voltar
eu me recordo de pensar, que o amor era aquela euforia
que pode ser amor sem selar compromissos
de achar que é a escolhida mas vê o beijo que corta na sua frente
achava que era sobre deixar voltar até ele decidir que aquilo era amor
que até pouco tempo esperava para rir dessas nossas atitudes
mas que na verdade já não tem graça nenhuma
até entender que amar sozinha quem nem se reconhece não é amor
eu me lembro de sentir, como uma menina a corar
mas não saber corresponder esse amor
cruzar a linha tantas vezes e acender o fogo por simplesmente saber que vira incêndio
de ter momentos perfeitos, quase de filme
mas ao mesmo tempo não sentir que aquilo era certo
até entender que alguns amores são faíscas que devemos aprender a parar de acender
eu me lembro de achar que era especial
e mesmo assim me entregar a amores tão fajutos
até entender, que sou mesmo especial
e precisava me amar sobretudo.