O PASSEIO
Dei-me nestes dias meus a ver-me aventurado
Compenetrado em passos distraídos, completamente imerso
Deliciando o verso nascido em peito apaixonado
Sentindo a dor desse punhal cravado, ouvindo o silêncio com quem converso!
Foi ele quem me induziu a te avistar - olhos repuxados
A deslumbrar nesses teus cachos o céu a me inundar de fascinação
Que me mostrou tua morena feição e a sedução dos teus perfeitos lábios
Só não me ensinou a suplantar todos os estágios para alcançar teu coração!
E assim qual réu sentenciou-me a ser escravo tal liberdade
De me enganar com essa inverdade tão verdadeira quanto a esperança
Dando-me a maturidade de uma criança, que brinca de mentira com a realidade
Serenando a insanidade com tons da mais abnegada insegurança!
Porque pensei, e agora sei, que tudo não passou de engano
Que o ganho foi o fim do barco que negou-se a navegar
Quisera tanto fosse firme o caminhar num chão de mar seguro e plano
Mas era tão somente um sonho num mundo de ilusão a passear!