"Desencontros/Desencantos"
Sei que as desculpas
São ultrapassadas, algumas
Esfarrapadas e as
Peço mesmo assim.
Peço pra juntar as peças,
Sinto pelas conversas bestas,
Diferenças indiscutíveis, dúvidas diversas
Dívidas que às pressas
Pretendo quitar sem manifestar façanha
Na falta de afeto, a falha em forma de retrocesso
No processo que engrandece o valor de viver
E outras que tardam a se dissolver
Parecendo apagar o proceder
Devolvendo a ilusão de bem estar
Desenvolvendo danos pra
Mais tarde com o doutor tratar
Ou aprender descrente a conviver.
Vamos ignorar por um bem maior
Nossos desencontros mentais,
Discordâncias pessoais,
Decadências parciais,
Instintos típicos de animais
Que somos, por vezes, irracionais.
Essa falta de tino incomoda
Lúcido, pleno como quando acorda
No meio da tarde sem importar a hora.
O caminho prum carinho é tão curto
Que não é preciso atalhar.
Estranho seria o ser humano não falhar.
Excitante é o instante em que demonstra
Desejo ímpeto de fincar companhia, ficar.
Toda espera há de demorar
Vencendo a prova que é não desmoronar.
A sublime sensação de manter
Os pés firmes no chão e
Ainda sim possibilitar sonhar.
Propósitos incalculáveis a cumprir
Certamente já leu ou ouviu falar por aí,
Outdoors, tantos caras, outros tempos
Tantos tipos, roupas sujas, pratos limpos
Convites e desencantos no fim.
O tempo é um vagão lotado de lembranças
Passagem já comprada só de ida
Sem direito a reembolsar.
Insuficiente pra sanar tantas vontades
Vantagem seria poder parar,
Seguir viagem num instante
Pausar com calma e ali morar.
Concentrar no presente, consertar a gente
Futuro, passado, quem assiste?
Um incerto e o outro nem existe mais.
Velhos rumores, cobaias e vítimas
De amores que não soube eternizar
São provas de que já distribuí por aí
Um pedaço ou vários de mim.
Comprovações acima de tudo
De que aqueles planos tolos
Teriam que me abandonar
Pra só assim eu te encontrar
Compreender o par, cobiçar a paz.