mil laços
sou plácido que nem o sono
ácido como o receio
trágico como o quimono
flácido que nem recheio
doce, ela é um pirulito
que nunca chupei no deserto
o seu sensual faniquito
pude senti-lo de perto
cálida como o apocalipse
depois de chegar ao final
linda como a sombra do eclipse
no seu momento fatal
possível como tudo na vida
eterna enquanto for minha amante
ela é pra mim a ferida
pra qual nada é cicatrizante
apelos a ela não faço
mas nunca lhe nego o que pede
se noite a dentro lhe caço
é ela que tudo consegue
impávido sem ser um colosso
a ela me entrego total
e se às vezes faço alvoroço
é pelo prazer anormal
porém nunca sigo seus passos
pois sempre ela está onde estou
é como se houvesse mil laços
que alguém nos imobilizou
Rio, 16/09/2007