Tua, Teu, Tempus Fugit
(Será que) "A medida do amor é amar sem medida." Santo Agostinho.
Ter o título que te faz minha,
Tua pele que me aninha,
Emaranha-me em tuas veias,
Teias,
Fogo branco que ateias,
Olhar que desnorteia,
Que me dá o norte de teus caminhos e rateia,
Amor que custeia,
E no tempo que me tateia,
E me empurra até você.
Cilindro de gás em terra que pega fogo é a saudade que me faz teu.
Eu, plebeu,
Nada tenho que é meu,
Verdades minhas,
Agora são tua,
Pois que te vi nua,
Estática visão de vida,
Le Penseur de Rodin,
Teu olhar que me aninha, na vida, o afã,
Por saber que tenho um título que te faz minha romã.
Sabe-se lá o que vem do futuro,
Te tive uma única vez por completo, eu juro,
Foste tu quem me fez nulo,
Anulou-me, cegou-me e calou-me no escuro,
De onde espero pela luz de teu sorriso que me faz imaturo.
Teu é tudo que tenho no coração que trago,
Apenas tive da vida um gole e um afago,
Quando te bebi em um único trago,
Senti queimação do esôfago, coração, fogo, que não apago.
Garçon, por favor! Outra dose de emoção!
Mas, traga o gosto dela nas bordas do copo,
Se tiver mais dela bem quente, eu topo,
Desde que venha a vela da vida e a cela,
Pra que eu possa cavalgar e ser mais dela,
Mesmo que ela jamais use o vestido branco,
Que jamais traga flores nas mãos, véu e encanto,
De certo que sempre terei, de saudade, um pranto,
Já que ouvi da voz dela, o canto,
Canto da vida que me encostou no canto,
E me fez de rei a plebeu num descanto.
Vejo o título que que pensei que tinha,
Só restou a tua pele que me aninha,
Você tirou tudo de mim, até as veias,
Hoje estou em tuas teias,
És fogo branco que me ateias,
A vida que me desnorteia,
O nó do cabo que me rateia,
“A medida do amor é amar sem medida!”, o amor que custeia,
És o tempo que me tateia,
Tempo que me puxa pra teus braços: peia,
Me faz teu e me sacia, és minha ceia,
Nós do nó que me tateia,
Tua, Teu, Tempus Fugit,
És brisa que em mim passeia...