Me Perco em Você
Eu desapareço em você
Eu queria ver,
a pintura mais velha
dos nossos anos amargos.
Espalhados na aquarela doce
da memória infantil.
E se sorrir fosse inútil,
estou há séculos em sua órbita.
Evitando olhares e palavras,
E transpirando rios só de pensar
que quero mergulhar em tua escuridão,
desenrolar sua vastidão.
Até que eu desapareça
em você.
Não vá me dizer que não é verdadeiro.
Não finja que não se importa.
Eu olho para você
E apenas vejo luz.
Sou sombra e entalhe
curvas angustiosas
Querendo te enxergar
Em cada detalhe.
Mas estranhamente
Eu me perco em ti.
E me pergunto,
Você nunca sentiu?
Nunca passou pela tua mente?
Nem atravessou,
as esquinas do teu olhar?
Que eu fico sem fôlego
Só de te imaginar?
E te invento, e te redesenho
em cada novo sonho,
Em todo papel em branco.
Todo suspiro ao vento.
Eu me perco em ti,
E em passados infindáveis
Nas eras desoladas.
Também te conheci,
Por entre as refrações
Irradiadas e distorcidas
Por onde me perdi.
Contando os segundos,
com a mão em meu rosto.
Sorrisos se desvanecem
Sem rumo.
Eu quero entender
o seu eu de verdade.
Olhar dentro da retina de sua alma.
Só para poder me ver também.
E embora minha imagem
brilha como vertigem opaca.
Há uma garota dentro de si,
que não ousa mencionar
meu nome.
E como no reflexo de um espelho,
nos veríamos face a face.
E seremos quebrados
em muitas partes
De muitos donos,
De muitos corações.
Até que venha o que é perfeito,
e seremos amados por inteiro.
Eu me perco em ti,
E é estranho,
Por que você nunca sentiu?