Vestígios
Nessa dança
Tropeço em meu vestido
Me embalo com teu cheiro
Pertubando meus sentidos
Minha vontade se expande a cada toque minucioso em meu corpo
Guardo detalhes fragmentados de uma noite em vendaval
Para ti, carnal
Em mim, espírito, amor, desejo, vontade
Quanto de mim dar-te ?
Quanto de mim já dei...
Por amor me entreguei
Em sonhos soterrados que são partes de mim
Metades de agora
Lembranças de outrora
Nuances doentis
Mudanças enclausuradas
Testemunhas lapidadas
Sofro tanto... sem demora
Nos lamentos das tardes de céu aberto
Encontrei meu deserto incerto
De onde surgem em mim poesia
Foi o tempo que passou
Tanta gente, não restou
Em nada mais valia
Assim foi
Assim tu ia
Amor de brincadeiras em quintais
Cotidianos
Reais
Nem ideais tenho mais
Mas a esperança ainda vibra!
Em mim algo ficou
Dos tempos das cartas
Flores e serenatas
Palavras que eternizou
O meu dizer é em travessias
Minha desgraça: é poesia
E de meus dedos sangram meus vinte
Que seja mais um palpite!
Ah... quantas esferas
Meu amor,
Quem me dera!
A ti falar o que sinto
Mas o tempo passa
As coisas não são de graça
E com graças eu brinco
E minto
E finjo
Para ti nunca há amor
Nunca há o que diz
Serei sempre boa atriz
Que faz disso uma chacota!
Escondo em escombros o que quero revelar
Está tarde
Vai passar
E tudo que me dizia
Dos Mistérios
Alegorias
Das tuas loucas fantasias!
Fez que foi
Não ia
Dos assombros e magias
Nossos corpos em sintonia
Na mesma temperatura
Já era dia
Abri meus olhos
Corpo quente
Mente fria
Eu disse que acabou!
E tu, meu amor?
Acabaria?