Traços [im]perfeitos
É sob um céu cor chumbo,
que outrora fora azul com tons de rosa;
enquanto ascendo outro cigarro que lhe escrevo
essas que não são sutis palavras...
Talvez devêssemos continuar sendo,
mas o que é?
O que somos?
Que te quero é um fato.
Mas quanto? Quando? Como?
O que temos é tão implícito, indefinido;
e nessas entrelinhas escritas as pressas
nos desenhamos com traços [im]perfeitos.
Te quero tanto.
Agora.
Inteira.
Mas não te quero cá dentro,
não nesse mar bravio,
num barquinho a pique e sem farol pra alumiar
o caminho.
Quero por outra vez teu riso,
teu toque indeciso e essa imensidão
que inconsequentemente tu carrega no bolso.
Se somos amor não sei,
fogo que queima, talvez;
Sinto-me a beira mar, com pés na areia se te beijo,
mas quando passa o desejo a beira d'um abismo me vejo.
Não sei se te amo. Não sei se te odeio.
Só sei que te quero.
Paschoal, George