Noturna
Ungida no horizonte
Resguardada pela lua
Pela fresta da janela
Contida, às vezes singela,
Vejo a silhueta tua
Que pousa o corpo insonte
Irredutível, em dança,
O vento segue soprando
Do teu cabelo o perfume
Igual luz de vagalume
Ao riacho projetando
Faíscas de esperança
E me ponho a correr
Em direção ao encontro
Quero abraçar-te a alma
Banhar-me em calma
No pensamento adentro
Vendo o tempo morrer
Sei que trazes no peito
A canção da batida
Que me dá o caminho
E me põe em moinho
Da cabeça invertida
O sentido desfeito
Em volúpia sensível
Ao amor verdadeiro
Estarreço-me e vejo
Que embora o desejo
Tornou-me – terceiro -
Te é insucessível