BOREAL

E por já não sentir a tua presença amiga
teu olhar, teu cheiro... o teu jeito brejeiro,
dentro do meu quarto e bem perto de mim,
meu terno, e infinitamente amado irmão,
o frio penetra e, qual seta assassina,
minha energia rouba... e mina;
minha alma se faz solitária e doente.

Esse gelo que dura – perdura.
E esse frio – de repente -
será falta de fé que se sente?

Esse vazio tão grande, profundo,
essa dor sem descanso, nem cura,
será
só e apenas uma saudade tua
que se esconde - certeira e fatal -
no fundo
do fundo dessas paredes nuas,
hoje, mais que nunca, indiferentes, duras,
sem compaixão por essa loucura abissal ?!

Não, doce irmão; não, meu amor primeiro:
Foste mesmo tu, ao partir. que aqui deixaste,
esse frio verdadeiro, essa obsessiva paixão;
esse Iceberg incrustado no lugar do coração.



Silvia Regina Costa Lima
[Escrito em 29/8/1966 (aos 14 anos) e revisto em 1995]




*Bóreas – Deus do Vento do Norte – frio e rigoroso
SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 22/11/2007
Reeditado em 11/10/2015
Código do texto: T747389
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.