BENDITO SEJA O PRAZER DA POESIA!
Em ti bendigo todo o prazer.
Todo o contentamento de ter nascido mulher,
de ter a pele ansiada pelo toque,
a boca desejosa do beijo,
o ventre em ânsias, ao aguardo de ser possuído,
a flor úmida, sequiosa das tuas carnes.
... Esta luxúria inocente?
Em ti a bendigo!
Isenta de culpas,
incertos embaraços,
ou melindres.
Pertencer-te?
Sou feliz por ser tua.
Não como uma propriedade,
com servilismo ou isenta de vontades.
Não,
sou tua como a roupa que veste a pele,
e nunca repele a derme que cobre.
... A simplicidade de ser fêmea,
que se completa ante o homem que a deseja,
e a ama.
E em ti, enfim, bendigo toda a poesia!
Todo o verso que a ti transcrevo,
quando de tuas pernas me desenlaço,
deixando-te ao repouso,
saciado, após o gozo...
E já é quase manhãzinha,
e eu, procuro o teu peito,
o aconchego da poetisa, pouco antes, apenas mulher.
Nos meus lábios um sorriso se anuncia,
e sobre a escrivaninha, o rascunho dum poema.