BENDITO SEJA O PRAZER DA POESIA!

 

 

Em ti bendigo todo o prazer.

Todo o contentamento de ter nascido mulher,

de ter a pele ansiada pelo toque,

a boca desejosa do beijo,

o ventre em ânsias, ao aguardo de ser possuído,

a flor úmida, sequiosa das tuas carnes.

 

... Esta luxúria inocente?

Em ti a bendigo!

Isenta de culpas,

incertos embaraços,

ou melindres.

 

Pertencer-te?

Sou feliz por ser tua.

Não como uma propriedade,

com servilismo ou isenta de vontades.

Não,

sou tua como a roupa que veste a pele,

e nunca repele a derme que cobre.

 

... A simplicidade de ser fêmea,

que se completa ante o homem que a deseja,

e a ama.

 

E em ti, enfim, bendigo toda a poesia!

 

Todo o verso que a ti transcrevo,

quando de tuas pernas me desenlaço,

deixando-te ao repouso,

saciado, após o gozo...

 

E já é quase manhãzinha,

e eu, procuro o teu peito,

o aconchego da poetisa, pouco antes, apenas mulher.

 

Nos meus lábios um sorriso se anuncia,

e sobre a escrivaninha, o rascunho dum poema.

 

Elisa Salles
Enviado por Elisa Salles em 10/03/2022
Código do texto: T7469668
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