Esta Mulher

Esta mulher que você vê aqui

Não tem nada.

Suas mãos não exibem anéis,

Mas as borboletas fazem ninhos.

Não tem outro ornamento

No peito dela

Além de um rubi pulsante,

Nem qualquer outro vestido que a cubra

Do que as pegadas que seu amante deixou.

Esta mulher que você vê aqui

Sempre andou descalça.

Não tem passaporte,

Nem carteira de identidade,

Tampouco tem esperança.

E mesmo que não tenha nome

Os pássaros a chamam.

Esta mulher que você vê aqui

Não tem casa

E como cama, um sorriso é o suficiente.

Enfrenta o mundo

Da sua única janela

Que revela que ela está viva.

Esta mulher que você vê aqui

Não tem mais nada

Além de um grande amor distante

Que ainda lhe faz brotar

Mil estrelas na barriga.

Amor para o qual ela se veste de luz,

Ficando em silêncio,

Pedindo que as nuvens os inflamem,

E que as noites não acabem.

Esta mulher que você vê aqui

As vezes nem sabe se realmente existe.

Fragilizada, se transforma em flor,

Ou em rajada de vento, que assustada

Corre para se refugiar na sua palavra,

E se esconder nas linhas do seu poema.

Juciane Afonso
Enviado por Juciane Afonso em 08/03/2022
Reeditado em 08/03/2022
Código do texto: T7468049
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