Falavas da vida

Falavas da vida como quem dela soubesse mais que os outros

Como quem queria ir mais adiante

Diante de tudo o que te aconteceu

Falavas dela assim mesmo sem querer

E dizias no silêncio mais um pouco.

Teu olhar fitava as montanhas nas alturas

Até quando elas ali não estavam

Falavas nos gestos de bondade

No pai velhinho e necessitado

Era só o amor que transbordava.

No irmão que foi embora e teu peito doeu

Quando choravas baixinho sem que vissem

Falavas de amor nos dias bons e ruins

Quando a chuva caía ou o suor pingava

Era ternura que se dava sem limites.

Falavas de esperança o tempo todo

Mesmo quando não descansavas nenhuma hora da vida

Falavas com os olhos marejados

Quando teus lábios cerrados tremiam

Até quando os outros te amedrontavam.

E quando a saudade materna chegava

E fingias entender o seu colo macio

Falavas de amor da manhã até à noite

No sorriso tímido e olhar quieto

Como se tudo entendesse desde o início.

Maria Jucilene de Moraes
Enviado por Maria Jucilene de Moraes em 05/03/2022
Código do texto: T7465542
Classificação de conteúdo: seguro