Falavas da vida
Falavas da vida como quem dela soubesse mais que os outros
Como quem queria ir mais adiante
Diante de tudo o que te aconteceu
Falavas dela assim mesmo sem querer
E dizias no silêncio mais um pouco.
Teu olhar fitava as montanhas nas alturas
Até quando elas ali não estavam
Falavas nos gestos de bondade
No pai velhinho e necessitado
Era só o amor que transbordava.
No irmão que foi embora e teu peito doeu
Quando choravas baixinho sem que vissem
Falavas de amor nos dias bons e ruins
Quando a chuva caía ou o suor pingava
Era ternura que se dava sem limites.
Falavas de esperança o tempo todo
Mesmo quando não descansavas nenhuma hora da vida
Falavas com os olhos marejados
Quando teus lábios cerrados tremiam
Até quando os outros te amedrontavam.
E quando a saudade materna chegava
E fingias entender o seu colo macio
Falavas de amor da manhã até à noite
No sorriso tímido e olhar quieto
Como se tudo entendesse desde o início.