Encontros e desencontros
(...) no nosso primeiro encontro ao vivo, após dezenas de cartas trocadas e fotos enviadas, marcamos no local chave, em meio a multidão que ia e vinha próximo a Paulista.
Confesso seus olhos cor jabuticaba tiraram a concentração que eu vinha tentando ter desde que cheguei às 14hs, mesmo nosso encontro estando marcado às 15hs.
Nervoso, disparei o tema de nossa última carta.
- Tenho medo; sabe?
Porque andei tão despedaçado nos últimos anos, remendando meus trapos que foram deixados por ai. Colando os pedacinhos do 'eu' inteiro que fui um dia. As vezes me sinto só.
Com seu olhar sereno e olhinhos puxados me respondeu:
- Não estamos todos a sós e a procura de alguém que nos ajude a nos procurar? Não estamos de fato todos feridos e tentando se curar?
No final só o que importa é a conexão de alma real. O resto é só o resto.
e sorriu.
Foi naquele momento. Naquele instante, quando ela alongou a última vogal da palavra, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha e sorria com os olhos. Naquele fatídico momento tive certeza que estava apaixonado. E que inevitavelmente em algum momento aquela mulher partiria meu coração.
Paschoal, George