Meu Grito
Escrevia sobre sonâncias interiores
Que lutam contra as vertigens cinzentas
De um dia mau.
Sem abrigo, sem proteção,
Sem render-me nunca à prova de um lugar
Quase sempre oposto aos horizontes
Que vislumbrei do perímetro daquela janela para o infinito.
Escrevia e amava na dominação de um pensamento que não me abandonava.
Era minha voz crescendo, gritando...
Procurando no passado a chave para fugir.
Escrevia para aquele momento certo,
O único pelo qual valia a pena viver,
Enquanto andava à noite procurando olhos capazes de me entender.
E então, enquanto a estrada cruza as diversidades de mãos
Que já não sabem orar, eu chegava àquela encruzilhada.
Um cruzamento, uma passagem, uma fenda...
Um rasgo para transformar a vida,
Num bater do coração.